quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

DENUNCIADO EXTERMÍNIO DE CRIANÇAS EM MACEIÓ



Reportagem de WELLINGTON SANTOS (Jornal Gazeta de Alagoas)

Intitulado “Ruas lavadas com sangue”, um levantamento histórico e ainda não concluído sobre os assassinatos de meninos de rua, em Maceió, revela que 106 crianças e adolescentes foram assassinados ou estão desaparecidos। A pesquisa, trabalho independente feito pelo educador Átila Correia em relação aos últimos doze anos, teve como base depoimentos “in loco” de meninos que foram testemunhas do desaparecimento ou de assassinatos dos amigos que ficavam ou “moravam” na rua. A pesquisa traz outro dado importante. Segundo ainda os depoimentos, policiais estariam envolvidos na maioria dos extermínios dos menores, inclusive com relatos de violência dentro de delegacias. O documento deverá ficar pronto em novembro. A maioria dos meninos tem entre 15 e 18 anos. Os assassinatos com arma de fogo aparecem com 46% dos casos; desaparecidos 26%, crimes com arma branca 17%; carbonizados 4%, e atropelamentos propositais, apedrejamentos e degolas o restante.


MEDO
“As pessoas que são moderadas na proclamação da verdade proclamam apenas a meia verdade, deixando a outra metade velada, com medo do que o mundo dirá”. Citando essas palavras do escritor oriental Gibran, Átila Correia, autor da pesquisa, diz que é um trabalho que ainda não está concluído, mas que vem para quebrar o silêncio e o medo, porque existem apenas meias verdades e algumas estatísticas oficiais. “Sei do risco que corro ao fazer esse tipo de trabalho e divulgá-lo, mas alguém tinha que começar. São depoimentos e fatos que as autoridades e o poder público não detêm e esse outro lado é revelado agora. O grande mérito desse documento são os depoimentos dos meninos que viveram, foram testemunhas de fatos, de palavras e violência, muita violência. E isso dá medo, muito medo”, atesta Átila.
Em razão disso, o educador, que milita no Movimento Nacional de Meninos de Rua, já contactou e denunciou o fato a vários órgõs internacionais e ONGs para “se resguardar, caso alguma coisa aconteça comigo”।


RELATOS
As histórias também são semelhantes na forma de esses possíveis grupos se expressarem. (“...) Vocês pensam que vão ver ele. Vocês não vão ver ele mais não! Podem procurar outro amigo, esse aqui vocês não vão ver mais não (...”). Essas palavras foram ditas, segundo um dos depoimentos, a Robô Copy em 1997, quando foi jogado dentro do tal Gol.. O garoto nunca mais apareceu. (“...)Fabrício foi morto de atropelamento de carro, de propósito.. Jogaram o carro em cima dele. Não quero identificar porque a proximidade é mais ou menos por aqui (...”), relato de uma testemunha do suposto atropelamento proposital que não quis se identificar, com medo.
Outro caso com o mesmo Gol. “Pode procurar outro namorado, porque esse aqui você não vai ver mais não! Depoimento de E.J.M., na época namorada de S.S.. Felizmente esse apareceu numa delegacia.

(“...) quando ver desaparecer dois, três menores de rua, isso aí a polícia tá (sic) envolvida no meio (...”), relato de testemunha. Outro caso que chama atenção, segundo o documento, envolvendo a polícia: (“...) A Jaqueline desapareceu quando foi colocada na viatura e nunca mais foi vista. A Bonita (sic), a finada Jarbione e o Inha, que era marido da Bonita, foram tudo (sic) arrastado de dentro da delegacia (...”)

Paulinho era um menino de 10 anos, que morava em Rio Largo, mas ficava nas ruas। Teve a cabeça separada do corpo. Ele estava na Praça do Pirulito em 1999, “(...)aí veio uns caras (sic) e pegou o pivetinho e cortou o pescoço dele e colocaro (sic) a cabeça numa sacola plástica, quando foi de madrugada encontraro (sic) o corpo do menino (...”), relato de meninos, amigos do Paulinho. Este caso foi acompanhado por Átila, que recebeu a notícia e foi ao IML ver os despojos do ex-amigo, criança, menino de rua.

MATÉRIA DE CAPA DO JORNAL GAZETA DE ALAGOAS DO DIA 22 DE SETEMBRO DE 2002:

Um comentário:

Anônimo disse...

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